A menarca, primeiro sangramento genital, representa um marco no processo de maturação sexual feminino, por estar relacionada a modificações estruturais e comportamentais. A idade de sua ocorrência é influenciada por aspectos genéticos, ambientais, pessoais e de composição corporal. A mudança na composição corporal, em decorrência da menarca, pode ter consequências tanto na adolescência quanto na idade adulta. Evidências sugerem que a menarca precoce estaria associada a maior adiposidade corporal, e, consequentemente, elevaria o risco de doenças crônicas, tais como, câncer de mama e útero, diabetes e doenças cardiovasculares. A presente tese tem por objetivo analisar a influência da idade da menarca na composição corporal e na ocorrência de fatores de risco cardiometabólicos para doenças cardiovasculares, entre mulheres adultas jovens. Três artigos compõe a tese. No primeiro artigo, avaliou-se a associação entre a idade da menarca e a composição corporal na adolescência e na idade adulta, nas coortes de 1982 e 1993. Também, procedeu-se o ajuste para a composição corporal na infância (1982, aos 4 anos) e na pré-puberdade (1993, aos 11 anos) a fim de verificar se a composição corporal na infância e adolescência confundiam a associação entre idade da menarca e composição corporal adulta. Os resultados na coorte de 1982 indicaram que mulheres com idade da menarca <12 anos apresentam maior adiposidade, contudo, na coorte de 1993, essa associação está fortemente relacionada a composição corporal na infância tardia, sugerindo que a idade da menarca é um marcador da adiposidade na pré-puberdade. O segundo artigo, avaliou a associação entre menarca precoce e hipertensão arterial e pressão arterial sistólica e diastólica através de revisão sistemática e meta-análise. Apesar da grande heterogeneidade entre os estudos, os resultados sugerem que a menarca precoce está associada a hipertensão em mulheres adultas. O terceiro artigo examinou a associação entre a idade da menarca e fatores de risco cardiometabólicos e mensurou o efeito indireto da composição corporal na idade adulta, nas participantes da coorte de 1982. Análise de mediação utilizando o procedimento G-computation foi realizada, ajustando para fatores de confusão na relação mediador-desfecho e interação entre exposição e mediador. A idade da menarca <12 anos esteve associada a maiores médias dos fatores de risco cardiometabólicos (pressão arterial diastólica, velocidade da onda de pulso, colesterol total, LDL colesterol, triglicerídeos), sendo que a maior parte deste efeito é mediado pela composição corporal na idade adulta. Assim, essa tese evidencia que intervenções focadas em diminuir a adiposidade na idade adulta, irão reduzir em grande parte os efeitos da menarca precoce no risco cardiovascular.