Teses - PPGEpi

Título:

Razão cintura-estatura como marcador antropométrico de risco à saúde: estudo de base populacional em adultos e idosos brasileiros

Autor:

Márcia Mara Corrêa

E-mail:

marciamara@uol.com.br

Área de concentração:

Epidemiologia

Orientador:

Elaine Tomasi

Banca examinadora:

Rosely Sichieri, Denise Gigante e Maria Cecília Assunção

Data da defesa:

21/11/2016

Palavras-chave:

excesso de peso; índice de massa corporal; circunferência da cintura; razão cintura-estatura; antropometria; curva ROC;

Resumo:

O excesso de peso tem sido considerado um dos maiores agravantes à saúde dos indivíduos, contribuindo expressivamente para o aumento da morbimortalidade, devendo ser monitorados por meio de ações de vigilância nutricional, com vistas à adequação de politicas públicas relacionadas a prevenção, promoção, e recuperação da saúde. Assim sendo, vários métodos para a avaliação nutricional tem seu uso preconizado, com destaque para a antropometria pela praticidade, baixo custo e precisão diagnóstica, onde o índice de massa corporal, a circunferência da cintura e a razão cintura-quadril têm seu uso largamente difundido. Mais recentemente, a razão entre a circunferência da cintura e a estatura tem sido proposta como medida antropométrica para avaliar adiposidade central, por estar fortemente associada aos fatores de risco cardiometabólicos e por sua relação com a mortalidade, independente do peso corporal. Este marcador antropométrico contorna as limitações da circunferência da cintura devido à inclusão da estatura no índice, evitando potencial confusão da estatura no risco cardiometabólico. Essa medida também tem sido sugerida como marcador de risco à saúde em substituição a matriz de combinação entre o índice de massa corporal e a circunferência da cintura, pela maior capacidade de identificar precocemente indivíduos em risco. Isto posto, a presente tese teve como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre a validade da razão cintura-estatura como medida antropométrica para o diagnóstico de adiposidade na população idosa e associação com doenças e agravos não transmissíveis, além de identificar o ponto de corte desse marcador com melhor sensibilidade, especificidade e acurácia para essa população, utilizando o índice de massa corporal como referência antropométrica e, finalmente avaliar se a razão cintura-estatura tem a mesma habilidade na identificação de risco à saúde comparada a matriz de associação entre o índice de massa corporal e a circunferência da cintura, tanto para adultos como para idosos. Foram utilizados dados de um inquérito epidemiológico de base domiciliar, com amostra representativa da população brasileira, realizado nos anos de 2008 e 2009. A amostra foi composta por 8.235 adultos e 5.494 idosos com medidas antropométricas necessárias para as análises propostas, residentes em áreas urbanas de 100 municípios de pequeno, médio e grande porte, dos 23 estados brasileiros das cinco regiões do país. No primeiro artigo original, foi utilizado a curva ROC ((Receiver Operating Characteristic) para determinação do ponto de corte ideal da razão cintura-estatura como marcador de excesso de peso, utilizando o índice de massa corporal como referência antropométrica. Já para o segundo artigo original foram realizadas análises de razão de prevalência, a fim de verificar a associação entre hipertensão arterial sistêmica e as categorias de risco à saúde avaliadas por meio da razão cintura-estatura e pela medida de associação entre o índice de massa corporal e a circunferência da cintura. Os resultados apresentados revelam que a razão cintura-estatura é uma medida simples, com bom poder de predição como marcador antropométrico de excesso de peso. Somado a isto, a razão cintura-estatura identificou mais indivíduos em risco precoce à saúde comparada a matriz de combinação entre o índice de massa corporal e a circunferência da cintura e apresentou habilidades comparáveis na identificação de risco à saúde, independentemente do sexo e da faixa etária, no que tange às razões de prevalência para hipertensão arterial, mostrando ser uma medida útil e efetiva tanto para os profissionais como para os gestores em saúde. Sendo assim, recomendamos e incentivamos o uso da razão cintura-estatura como medida substituta ao índice de massa corporal e a associação deste com a circunferência da cintura tanto em pesquisas epidemiológicas, como na prática clínica individual e coletiva, como marcador antropométrico de risco à saúde.